DEPRESSÃO – “DOENÇA DA ALMA”

DEPRESSÃO E TRATAMENTO

SINTOMAS, CAUSAS E TRATAMENTO

Esse trabalho tem o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a depressão, suas causas e todos os meios possíveis de tratamentos.

A depressão é uma doença que tem se tornado avassaladora na vida de muitas pessoas, e algumas, por desconhecerem seus dados clínicos e sintomas associados, acreditam que estão passando apenas por um período de  tristeza, solidão, abatimento, cansaço, dores generalizadas ou desesperança.

Toda a conjuntura do atual sistema de vida tem contribuído para o desencadeamento dos mais variados quadros depressivos.

De que forma?

Na realidade, ninguém, em sã consciência, pode viver bem ou com relativa tranquilidade e paz diante das ocorrências conflituosas do cotidiano.

As pessoas precisam tornar-se camaleões várias vezes por dia, todos os dias.

E muitas dessas vezes necessitam violar a sua alma, a sua consciência, a sua formação moral para continuarem sobrevivendo.

E, certamente, todas essas violências conduzem à depressão.

Por esses motivos denominamos a depressão como uma doença da alma,  pois a alma representa o cerne do ser humano, a sua parte mais profunda, o seu verdadeiro espírito e o sustentáculo da própria vida.

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), a depressão é a quarta principal causa de incapacitação no mundo.

Ainda segundo a OMS, a depressão é considerada o “mal do século” e atinge mais de 300 milhões de pessoas de todas as idades no mundo inteiro.

No Brasil a estimativa é a de que cerca de 6,0% da população seja afetada pela doença. Mas essa estimativa é contabilizada por baixo.

A depressão é classificada como uma doença psiquiátrica, e todos os códigos relacionados aos mais diversos tipos de depressão são encontrados no Livro de Classificação Internacional de Doenças, no Capítulo V, sob o título Transtornos Mentais e Comportamentais.

A depressão é uma doença que tem sido um desafio tanto para os médicos, psicólogos, profissionais da saúde e familiares, mas, sobretudo, para os portadores da doença.

Os estudos sobre as doenças mentais e comportamentais ainda patinam quase que no empírico, apesar dos avanços nas descobertas e nos estudos de qualidade realizados, bem como no aprimoramento e criação de novos equipamentos de alta complexidade.

Isso porque o cérebro é um universo com mais de 86 bilhões de neurônios com a capacidade de realizar um conjunto infinito de sinapses e circuitos sinápticos.

Neste estudo serão apresentados os mais recentes avanços nas investigações da depressão.

Também serão apresentados os fatores causais da doença ou os fatores que contribuem para o aparecimento dela.

E, o mais importante, quais as formas de tratamento existentes.

O QUE É DEPRESSÃO

A depressão é classificada como uma doença psiquiátrica, do foro neuropsicológico:

  • É uma doença de caráter genético, mas os genes nem sempre a determinam;
  • É uma doença multicausal – decorrente de múltiplos fatores;
  • É uma doença crônica – de lenta progressão e de longa duração;
  • É uma doença recorrente – que reaparece com frequência.

QUAIS OS SINTOMAS DA DEPRESSÃO E COMO IDENTIFICAR O INÍCIO DE UMA DEPRESSÃO

Pode-se identificar o início de uma depressão quando a pessoa apresenta alguns dos sintomas abaixo:

NO HUMOR:

  • Agitação
  • Alto grau de pessimismo
  • Angústia
  • Ansiedade
  • Apatia
  • Baixa autoestima
  • Culpa
  • Descontentamento geral
  • Desesperança, amargura
  • Desinteresse generalizado
  • Falta de motivação
  • Falta de vontade em fazer atividades antes prazerosas
  • Indecisão
  • Insegurança
  • Medos repentinos e que não eram pré-existentes
  • Mudanças do humor
  • Sensação de vazio
  • Tédio
  • Tristeza profunda, sofrimento emocional.

NO COMPORTAMENTO:

  • Automutilação
  • Choro excessivo
  • Irritabilidade
  • Isolamento social

NO SONO:

  • Despertar precoce
  • Excesso sonolência
  • Insônia
  • Sono agitado

NO CORPO:

  • Abuso de substâncias
  • Fadiga
  • Fome excessiva ou falta de apetite
  • Inquietação

NA COGNIÇÃO:

  • Esquecimento
  • Falta de Concentração
  • Falta de Interesse até mesmo em atividades prazerosas
  • Lentidão nas atividades pessoais diárias
  • Pensamentos suicidas
  • Repetição incessante de pensamentos

NO PESO:

  • Ganho ou perda de peso

OUTROS SINTOMAS FÍSICOS:

  • Abafamento
  • Azia
  • Constipação
  • Dores de barriga – cólicas
  • Dores de cabeça
  • Dores no corpo
  • Extra-sístoles (batimentos cardíacos extras)
  • Extremidades frias (mãos e pés)
  • Falta de ar
  • Flatulência – gases
  • Má digestão
  • Pressão no peito
  • Sudorese
  • Taquicardia (batimentos cardíacos acelerados)
  • Tensão na nuca e nos ombros.

QUAIS OS FATORES QUE LEVAM À DEPRESSÃO:

Múltiplos fatores contribuem para desencadear a depressão:

  • A genética, mas ela não é a causa determinante da doença;
  • O estresse;
  • A epigenética – alterações nas informações genéticas;
  • O meio ambiente.

A GENÉTICA NA DEPRESSÃO

Procurando entender qual o peso genético na depressão, o “Psychiatric Genomics Consortium”, uma associação de cerca de 200 cientistas do mundo inteiro, num trabalho conjunto, que envolveu 161 instituições mundiais, mapeou dados de 135 mil pessoas com depressão severa (a mais incapacitante) e 344 mil pessoas saudáveis.

Esse trabalho foi publicado na revista “Nature Genetics” e mapeou vários genes associados às disfunções psiquiátricas.

Na pesquisa foram identificados 44 genes relacionados às formas mais graves da depressão.

Dos 44 genes mapeados, 30 foram descritos pela primeira vez nessa iniciativa.

Hoje, cientistas da Universidade de Edimburgo, no Reino Unido, já descobriram 80 genes que podem estar ligados à depressão.

Segundo os autores da pesquisa, o achado abre uma porta para o surgimento de tratamentos mais específicos e eficazes da doença.

Com o mapeamento genético, novos medicamentos poderão ser desenvolvidos tendo por alvo o bloqueio ou a produção de substâncias a partir de informações desses genes.

Entre 40 a 50% das pessoas com depressão severa não respondem aos medicamentos e tratamentos usuais. Daí a importância no sentido da criação de novos medicamentos mais apropriados para os casos específicos da doença.

Ainda hoje, quando não há respostas aos tratamentos da depressão profunda, é necessário recorrer-se à eletroconvulsoterapia (eletrochoques), que é realizada debaixo de sedação, ou aos choques de insulina (indução ao coma insulínico).

Já é de conhecimento de longa data que o cérebro responde a estímulos elétricos e químicos, por isso existem resultados positivos no tratamento da depressão profunda por meio da eletroconvulsoterapia e do choque insulínico.

Esses tratamentos só são realizados quando não há mais respostas aos tratamentos anteriores e a pessoa corre risco de morte, e só podem ser executados debaixo de exclusiva supervisão médica.

A mais nova medicação para as depressões mais graves, a esketamina, é um agente antidepressivo que acabou de ser aprovado nos EUA sob a forma de inalação nasal, e atua em um receptor NMDA- do glutamato, entre outros efeitos. Ele só pode ser aplicado em hospitais.

Os pacientes responderam com um resultado rápido e eficaz ao medicamento, e ele serve de ponte até que haja uma resposta aos medicamentos usuais da depressão que só apresentam resultados em médio prazo.

Portanto, os genes têm, sim, um peso na depressão, porém, nem sempre determinam a doença.

Isso quer dizer que, a pessoa que carrega os genes da depressão tem maior risco de desenvolver a doença, porém não existe a certeza de que virá a apresentá-la.

O mapeamento genético reforça os achados de pesquisas anteriores que apresentaram o peso da hereditariedade na depressão, principalmente nos casos mais graves da doença.

Estudos com gêmeos idênticos demonstraram que, se um deles apresentar uma forma mais severa da depressão o outro tem o risco tão elevado quanto o primeiro de manifestar os mesmos sintomas.

Outras pesquisas com pais com depressão com filhos biológicos e filhos adotivos mostraram que os filhos biológicos têm um risco muito maior de desenvolver a doença do que os filhos adotivos, o que fortalece o peso da genética.

Em outros estudos relacionados, filhos de pais biológicos depressivos que foram adotados por famílias de não depressivos apresentaram a doença.

Ainda, filhos com pais biológicos não depressivos e que foram adotados por pais depressivos não apresentaram a doença.

Assim sendo, a origem genética, apesar de não determinante, é um fator da depressão.

Acompanhando os estudos realizados desde o final do século passado até os dias de hoje, pode-se afirmar que a depressão tem o fator genético, todavia, esse fator não é a causa determinante para o desencadeamento da doença.

O ESTRESSE E A DEPRESSÃO

Conforme estudos iniciados no fim do século passado e o que se sabe até os dias de hoje, atribui-se ao estresse, cada vez mais, um papel preponderante na patogenia da depressão.

Os estudos das alterações neuroanatômicas de cérebros de doentes com depressão devido à exposição ao estresse crônico são inúmeras.

Esses dados são relativos aos estudos post-mortem de cérebros doentes com diagnóstico clínico de depressão induzida pelo estresse.

Foram observadas diversas alterações morfológicas (na forma) desses cérebros e o dado mais importante encontrado nesses estudos é que quanto maior o tempo de duração da depressão, maior é a perda de volume de hipocampo e maior é a perturbação da memória verbal.

E essa perda de volume de hipocampo está relacionada com o tempo de duração da depressão e não com a idade dos doentes, o que sugere que episódios de estresses contínuos podem provocar perdas de volume cumulativas no hipocampo.

Ou seja, estresses contínuos são somados ao tempo de duração da depressão e aos episódios, resultando na perda de volume do hipocampo proporcionalmente a esta soma.

Portanto, as pessoas geneticamente vulneráveis à depressão, quando debaixo de estresse, são mais predispostas às alterações morfológicas do cérebro.

Todavia, é fundamental salientar que a atrofia do hipocampo pode ser observada, não apenas na depressão, mas em muitas outras doenças psiquiátricas.

Pessoas com outras doenças mentais têm a predisposição de desenvolver episódios de depressão grave.

As alterações morfológicas nas amígdalas do cérebro podem explicar as perturbações afetivas da depressão, uma vez que ela é considerada o centro neuroanatômico das emoções.

Hoje se pode afirmar que o estresse predispõe à depressão e é o agente predominante da perda de volume hipocampal.

Os mais recentes estudos apontam a memória e a aprendizagem como fatores importantes na formação de novos neurônios, novas sinapses e circuitos sinápticos.

Porém a depressão de longa duração e, principalmente o estresse, têm causado uma perda de neurônio e de glias no cérebro. E essa perda é cumulativa somando-se episódios e duração dos episódios que acometem a pessoa.

O estresse é um assassino de células neuronais e células gliais.

Apoptose e Depressão:

Apoptose : “caio fora”

 Apo – fora         e             Ptose – queda

A apoptose é o mecanismo natural que culmina com a morte da célula sem que outros processos  influenciem nesta morte. É a morte celular programada. A ela é dado o nome de apoptose fisiológica.

A apoptose resulta na morte de células que não devem mais fazer parte do organismo. Elas precisam ser “deletadas” para que novas células sejam formadas.

A apoptose é normal, natural no desenvolvimento humano, e ocorre em todos os tecidos, desde o desenvolvimento embrionário para a correta formação de determinados membros (por exemplo, os dedos das mãos e dos pés).

A apoptose pode eliminar células infectadas por vírus ou células cancerosas.

A apoptose é um processo organizado e programado para a morte celular, no qual o conteúdo da célula é processado e descartado, sendo absorvido por células do sistema imunológico.

O que tem a ver a apoptose, ou a morte natural das células, com a depressão?

A apoptose fisiológica é fundamental para o bom funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC), pois elimina neurônios já desgastados, com função deteriorada e com baixa capacidade para estabelecer novas conexões.

A apoptose, ou morte celular programada, pode ocorrer de três formas:

  • Via dos receptores de morte;
  • Via mitocondrial;
  • Via relacionada com o estresse citotóxico.

A apoptose de células cerebrais sempre foi considerada de especial importância para o neurodesenvolvimento.

Todavia, após muitos estudos, foi detectado que uma ativação desse processo, muito além do normal, é causada pelo excesso de glutamato e cálcio, que são comuns em algumas vias de estresse.

Essas alterações no excesso de produção de glutamato e cálcio desencadeiam uma apoptose citotóxica nas células do SNC (Sistema Nervoso Central).

O SNC é formado por glias.

As glias são essenciais para a atividade dos neurônios, pois elas são as responsáveis pelo fornecimento de glicose e oxigênio para que os neurônios exerçam as suas funções.

No cérebro humano existem de 10 a 50 vezes mais células gliais do que neurônios.

Se o cálculo atual do número de neurônios é de 86 bilhões, pode-se imaginar o número incontável de glias que são de importância vital no processo das sinapses e circuitos neuronais.

Observou-se uma redução no número de células gliais por apoptose na depressão, devido ao estresse citotóxico (liberação em excesso de cálcio e glutamato).

Essa morte irregular de células é chamada de apoptose patológica.

Ou seja, é uma apoptose decorrente de fatores antinaturais, anormais.

A apoptose patológica cerebral está diretamente relacionada como resposta ao estresse.

Células formadas, maduras e de imprescindível necessidade para a construção de novas conexões neuronais de aprendizagem e memória, também sofrem apoptose patológica devido ao estresse.

Mas, de acordo com os estudos, o estresse tem ainda mais um duplo efeito, pois diminui a neurogênese (nascimento de novos neurônios) além de aumentar a apoptose dos neurônios mais recentes e imaturos.

O estresse causa a apoptose de neurônios já formados e cuja sobrevivência é imprescindível para a realização da conexão com os novos neurônios para a aprendizagem.

As emoções negativas da depressão causadas pelo estresse são fatores preponderantes para a perda de neurônios maduros essenciais para a memória e aprendizagem.

O estresse impede também a neurogênese, ou seja, o nascimento de novos neurônios, que são capazes de estabelecer mais conexões do que os neurônios maduros, mas que necessitam dos neurônios maduros para realizarem novas aprendizagens, novas sinapses e circuitos neuronais.

Assim sendo, os déficits de memória declarativa, onde a pessoa não encontra causas ou efeitos discerníveis, ou ainda quaisquer outros motivos para a apresentação da doença, são fatores que aumentam ainda mais a tendência para um sentimento generalizado de desamparo, que é um elemento básico na apresentação clínica da depressão.

O QUE É EPIGENÉTICA COMO FATOR NA DEPRESSÃO

A epigenética é a modificação no código de leitura do DNA de algumas células.

A epigenética é a herança dos pais para os filhos através da memória celular.

Em algum momento, através de alguma experiência, o código de leitura celular sofreu uma alteração e gravou essa alteração no DNA.

Apesar de não haver mudanças nas sequências do DNA no organismo, nas divisões celulares com os códigos de leitura modificados são copiados nessa divisão celular e transmitidos para os filhos.

Portanto, a herança epigenética  é a transmissão de informações de experiências vividas pelos pais e que são herdadas geneticamente pelos filhos sem que haja uma mudança nas sequências do DNA  no organismo. A mudança é encontrada na forma de leitura do DNA de algumas células.

Assim sendo, a epigenética é também um fator que pode desencadear a depressão porque ela pode estar gravada no código de leitura do DNA.

O MEIO AMBIENTE E A NEUROPLASTICIDADE

O meio ambiente está diretamente ligado à neuroplasticidade.

Tudo o que ocorre à nossa volta e que é percebido pelos nossos sentidos, cria, a cada dia, novas experiências que são absorvidas e processadas pelo nosso cérebro.

A neuro plasticidade  ou plasticidade neuronal é um processo coordenado, dinâmico e contínuo dos neurônios no cérebro.

Com essa flexibilidade que promove a remodelação dos mapas neuro sinápticos a pequena, média ou longa duração, a plasticidade neuronal pode remodelar e ou adaptar a função dos circuitos neuronais.

Em estudos realizados com animais, quando os mesmos foram colocados em ambientes apropriados e enriquecidos, observou-se que foram melhoradas as interações cognitivas e sociais e também as capacidades sensitivas e motoras, o que potencializa a memória e a aprendizagem.

Essas alterações plásticas foram observadas nos cérebros de animais jovens e nos cérebros de animais envelhecidos.

Com as condições favoráveis, esses animais apresentaram melhoria na aprendizagem e memória e reduziram as respostas de muitos neurotransmissores ao stress.

Assim, apresentaram melhoras na neurogênese  no hipocampo, tendo um aumento do peso e tamanho do cérebro (volume),  apresentaram melhora  na gliogênese,  apresentaram aumento da expressão dos genes para o fator de crescimento nervoso (NFG), também do fator neurotrófico derivado da glia (GDNF) e do  fator neurotrófico derivado do cérebro.

O ambiente favorável melhorou de uma maneira geral o desempenho de memória e aprendizagem tanto dos animais jovens como dos animais velhos.

A neurogênese natural humana pode ser aumentada pelos seguintes fatores ambientais:

  • Ambientes pertinentes e favoráveis;
  • Aprendizagem dependente do hipocampo;
  • Atividades sociais de valor;
  • Exercícios físicos;
  • Qualidade de dietas alimentares;
  • Uso efetivo das inovações tecnológicas para a comunicação e ou interação social.

Por outro lado, a neurogênese pode ser diminuída pelos seguintes fatores:

  • Depressão;
  • Estresse;
  • Glicocorticoides;
  • Idade;
  • Opiáceos;

TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

Conforme visto anteriormente, o estresse e a depressão levam à apoptose patológica de glias e neurônios pela produção aumentada de glutamato e cálcio. (estresse citotóxico)

A epigenética transmite experiências vividas pelos pais para os filhos.

A partir dessa informação, um trabalho contrário à leitura modificada do DNA poderia ser realizado com mudanças intrínsecas e extrínsecas da pessoa, ou seja, procurar diligentemente trabalhar para produzir uma nova leitura no DNA contrária à já existente.

Uma mudança positiva no meio ambiente interno e externo para alteração/adaptação (neuro plasticidade) dos circuitos neuronais.

Por isso cabem as perguntas:

Devo tomar medicações para a depressão?

As medicações podem inibir a apoptose patológica de células cerebrais?

Como tratar a depressão?

Existem vários tipos diagnosticados de depressão.

Todavia, ela pode ser mensurada por sua intensidade:

  • Leve
  • Moderada
  • Grave

Porém, alguns casos podem ser considerados profundos, que são os casos de maior gravidade, que são aqueles em que os portadores correm risco de morte. Nestes casos existe a urgência de atendimento, pois, como vimos novos medicamentos dão uma resposta imediata no tratamento.

A depressão pode ter outros componentes associados tais com os sintomas ou surtos psicóticos.

A depressão é uma doença multifatorial, portanto deve ser tratada observando-se os múltiplos fatores que a desencadeiam.

Toda pessoa é única, com informações e experiências únicas, assim como com codificações cerebrais únicas.

Nos estudos recentes foram identificados 30 novos genes relacionados à depressão, o que conduzirá a novos e mais eficazes medicamentos.

Hoje, inúmeros medicamentos são utilizados no tratamento da depressão, e devem ter indicação e prescrição médica.

Existem inúmeros medicamentos próprios para a depressão e existem ainda vários outros medicamentos específicos para aliviar o estresse.

No trabalho anexado, Depressão e Tratamento, de Felipe Arantes e outros, do Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental do Hospital de São João/Faculdade de Medicina do Porto, alguns estudos foram analisados.

Num estudo para o risco da apoptose cerebral patológica pelo estresse causados pela  separação materna,  foram separados três grupos de filhotes de ratos de laboratório:

  • O primeiro grupo – o grupo de controle. (os filhotes não seriam separados da mãe);
  • O segundo grupo – os filhotes seriam separados da mãe por sete dias;
  • O terceiro grupo – os filhotes seriam separados da mãe, mas receberiam medicação apropriada para estresse.

No estudo, observou-se que o segundo grupo apresentou um aumento de 220% na apoptose cerebral por estresse em comparação com o grupo de controle. (primeiro grupo)

O terceiro grupo, que recebeu medicação específica, a apoptose era menor do que a do segundo grupo e bem próxima ao primeiro grupo (grupo de controle).

Esse estudo mostrou que a medicação apropriada impede a apoptose patológica (citotóxica).

Portanto, as medicações, tanto para o estresse quanto para a depressão, quando bem indicadas, são necessárias e contribuem para a evolução positiva do tratamento da depressão e, principalmente, para a proteção do SNC (neurogênese, gliogênese, etc.).

Elas podem ser diminuídas, aumentadas ou posteriormente suspensas, dependendo da evolução do tratamento.

Há algumas décadas eram poucos, generalizados e pouco eficazes os medicamentos para a depressão. O tratamento era muito mais difícil e traumático.

Hoje já existem muitos medicamentos para a depressão bem mais eficientes e específicos.

Porém, associadas ao tratamento médico/medicamentoso/psicológico, as orientações sobre uma mudança no modo de vida é fundamental.

Às vezes é necessária uma mudança drástica.

O DSM 5 – Manual de Psiquiatria dos EUA apresenta alguns sintomas para diagnóstico da depressão maior ou mais grave.

Mas é necessário que sejam observadas pelo menos cinco sintomas associados por período de tempo e pelo menos um sintoma de humor depressivo.

Manual DSM-5     /    Critérios Diagnósticos Para Um Episódio Depressivo Maior, Mais  Grave ou Profundo:

Quando cinco ou mais dos seguintes sintomas apresentam-se durante um período de duas semanas consecutivas e representam uma mudança em relação ao funcionamento do modo de vida anterior e pelo menos um dos sintomas é o de humor deprimido ou perda de interesse ou prazer;

  1. Humor deprimido a maior parte do dia, quase todos os dias, como indicado por um relato subjetivo, ou relato pessoal (por exemplo, se sente triste, vazio, sem esperança) ou são observações feitas por outros (por exemplo, parece choroso, apático e triste todo o tempo). (NOTA: em crianças e adolescentes, pode ser um humor irritável);
  2. Perda ou diminuição do interesse ou do prazer em todas as atividades, ou em quase todas as atividades a maior parte do dia, quase todos os dias (como indicado por um relato subjetivo (pessoal) ou observação de outros);
  3. Perda de peso significativa quando não está em dieta ou ganho de peso (por exemplo, uma mudança de mais de 5% do peso corporal no mês), ou aumento do apetite quase todos os dias. (NOTA: em crianças observar a falha em obter o ganho de peso esperado);
  4. Insônia ou excesso de sono todos os dias;
  5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observável por outros, não apenas sentimentos subjetivos de inquietação ou raciocínio lento, atrasado);
  6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias;
  7. Sentimentos de inutilidade, ou culpa excessiva pela falta de vontade ou sentimento de inadequação (que pode ser delirante) quase todos os dias (não apenas mera autocensura ou culpa por estar doente);
  8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias. (seja por sua própria avaliação ou observado por outros);
  9. Pensamentos recorrentes de morte (não apenas medo de morrer), mas ideação suicida recorrente sem um plano específico, ou uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio.

O DSM-5 é o Manual de Psiquiatria dos EUA mais utilizado no mundo. É o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Edição de 2013.

ORIENTAÇÕES FUNDAMENTAIS ASSOCIADAS AO TRATAMENTO MÉDICO/PSICOLÓGICO:

  • Atividades aeróbicas ao ar livre, se possível;
  • Atividades sociais de valor (prazerosas);
  • Caminhadas ao ar livre;
  • Escrita manual, pintura, ou outras atividades manuais;
  • Exercícios físicos;
  • Helioterapia (exposição ao sol, diariamente se possível e por um período pequeno de tempo – 10 a 15 minutos, sem protetor solar);
  • Leitura;
  • Meditação – Oração;
  • Meio ambiente saudável (laboral, familiar e social);
  • Musicoterapia, para relaxamento;
  • Outras aprendizagens diversas (línguas, jogos, etc.);
  • Terapias naturais alternativas (canto, jardinagem, aprendizado e prática de exercícios de concentração e relaxamento);
  • Uso de novas tecnologias para desenvolvimento de novas formações sinápticas neuronais e, principalmente para interação social.

CONCLUSÃO

A depressão, por ser uma doença multifatorial, que pode conduzir a episódios mais graves e até mesmo profundos com o risco de morte para a pessoa, requer tratamentos e cuidados também multidisciplinares e multifatoriais.

Com relação às faixas etárias acometidas pela depressão, ela pode ser observada a partir dos três anos de idade, o que é muito preocupante e requer constante observação.

Todavia a sua incidência maior começa a se apresentar a partir dos 14 anos até os 60 + anos.

Com os novos conhecimentos sobre a depressão e com tratamentos mais eficazes e positivos da doença, podemos, sim, ver “uma luz no fim do túnel”.

O apoio às pessoas que estão passando por quadros depressivos é fundamental para a recuperação dos mesmos.

Nada jamais poderá substituir o amor sincero e a empatia.

Caminhar juntos, orar juntos, fazer programas saudáveis juntos, manter um meio ambiente saudável, pacífico e amoroso.

Esses são fatores essenciais para uma recuperação mais rápida e muitas vezes para a cura.

Fontes Consultadas:

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Juan, S. et al. Modification of Hippocampal Circuitry By Adult Neurogenesis. Developmental Neurobiology. 72 – 77; 1032 – 1043 (2012)

Vitureira, N. & Goda, Y. The Interplay Between Hebbian and Homeostatic Sinaptic Plasticity. J. Cell Biology 175 -186 ; 202-203; (2013)

Kandel, E. et al. Principles of Neural Science. Mcgraw-Hill Companies. 5th ed. (2013)

Mora F. Successful Brain Aging: Plasticity, Environmental Enrichment, and Lifestyle. Dialogues Clinic Neuroscience.   01-15; 45-52; (2013)

Purves, D. et al Neuroscience. Sinauer Associates, Inc 3rd ed 4, 7 (2004)

Hospital Israelita Albert Einstein; (2019)

DSM – 5 – Manual de Psiquiatria dos EUA –  Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição (2013)

Outros Hiperlinks associados.